A propósito da vinda do escritor Luandino Vieira à escola, surgiu a palavra "maboque" no poema "Canção para Luanda". O autor ouviu a sua poesia declamada pelo Afonso Matos do 3º D, Curso de Turismo Ambiental e Rural.Os alunos, após pesquisa,constataram que o maboque é um fruto.
Podemos vê-lo agora na Biblioteca Rosae,vindo diretamente de Angola, trazido pelo Diretor da Escola!!!
Nota: A "fotógrafa de serviço ao maboque" foi a assistente técnica Lurdes Rebouta, a D. Lurdes da biblioteca.
Estiveram à venda na nossa Feira do Livro exemplares de "Sabor de Maboque" da autora Dulce Braga. A leitura vale a pena...
Fica novamente o poema:
CANÇÃO PARA LUANDA
A pergunta no ar
no mar
na boca de todos nós:
– Luanda onde está?
Silêncio nas ruas
Silêncio nas bocas
Silêncio nos olhos
– Xê
mana Rosa peixeira
– Mano
Não pode responder
tem de vender
correr a cidade
se quer comer!
“Ola almoço, ola amoçoéé
matona calapau
ji ferrera ji ferrerééé”
– E você
mana Maria quitandeira
vendendo maboque
os seios-maboque
gritando
saltando
os pés percorrendo
caminhos vermelhos
de todos os dias?
“maboque m’boquinha boa
dóce dócinha”
– Mano
não pode responder
o tempo é pequeno
para vender!
Zefa mulata
o corpo vendido
batom nos lábios
os brincos de lata
sorri
abrindo seu corpo
– seu corpo-cubata!
Seu corpo vendido
viajado
de noite e de dia.
– Luanda onde está?
Mana Zefa mulata
o corpo cubata
os brincos de lata
vai-se deitar
com quem lhe pagar
– precisa comer!
– Mano dos jornais
Luanda onde está?
As casas antigas
o barro vermelho
as nossas cantigas
trator derrubou?
Meninos nas ruas
caçambulas
quigosas
brincadeiras minhas e tuas
asfalto matou?
– Manos
Rosa peixeira
quitandeira Maria
você também
Zefa mulata
dos brincos de lata
– Luanda onde está?
Sorrindo
as quindas no chão
laranjas e peixe
maboque docinho
a esperança nos olhos
a certeza nas mãos
mana Rosa peixeira
quitandeira Maria
Zefa mulata
– os panos pintados
garridos
caídos
mostraram o coração.
– Luanda está aqui!
(1957)
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