POEMA INÉDITO DE FERNANDO PESSOA PUBLICADO NO «JORNAL DE LETRAS, ARTES E IDEIAS»

Cada palavra dita é a voz de um morto.
Aniquilou-se quem se não velou,
Quem na voz, não em si, viveu absorto.
Se ser Homem é pouco, e grande só
Em dar voz ao valor das nossas penas
E ao que de sonho e nosso fica em nós
Do universo que por nós roçou;
Se é maior ser um Deus, que diz apenas
Com a vida o que o homem com a voz:
Maior ainda é ser como o Destino
Que tem o silêncio por seu hino
E cuja face nunca se mostrou

Fernando Pessoa, 19 de Setembro de 1918



FILHO, José Paulo Cavalcanti - Um inédito de Fernando Pessoa. Jornal de Letras, Artes e Ideias. ISSN 0870-452X. (8 Jun. 2016) 12-13.

Comentários